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Volume 7 - 2023
 

Nosso reino por um cavalo

 

     Em uma de suas famosas fábulas, o grego Esopo narra a estória de um cavalo que, por conta da rivalidade com o cervo, pediu ajuda ao homem para alcançar seu desafeto. O homem concordou em ajudar, mas disse que, para tal, teria que pôr um freio na boca do cavalo e montar sobre suas costas. O equídeo concordou e, de fato, com o homem a lhe guiar, conseguiu consumar a vingança. O problema é que, após isso, o homem jamais libertou o cavalo, que deve estar muito arrependido. Valeu à pena?

    Fabulações à parte, estima-se que foi por volta do ano 4.000 a.C., lá na região dos atuais Ucrânia, Rússia e Cazaquistão, que o cavalo começou a ser usado pelos humanos para propósitos outros além da alimentação, como transporte e tração (*). Isso resultou em todas as variedades domésticas do chamado Equus ferus caballus Linnaeus, 1758 (Perissodactyla: Equidae), bicho que não tem mais populações selvagens naturais. É, realmente Esopo estava certo: o homem não mais apeou do cavalo.

   Dentre as mil e uma utilidades com as quais o subserviente cavalo presenteou a humanidade, está a utilização como veículo de guerra, algo que, infelizmente, persiste até hoje. Nessas situações, como acontece também com outros bichos que têm o infortúnio da subordinação a nós, são eles que costumam pagar o pato. Vítimas inocentes de nossa insanidade.

     No domingo, 08 de janeiro de 2023, golpistas antidemocráticos, para dizer o mínimo, transformaram a Praça dos Três Poderes, na capital federal, em um campo de guerra. Como em tantas outras vezes ao longo da História, lá estavam os cavalos no epicentro do conflito. Vulneráveis. Expostos. Respirando gás lacrimogênio e spray de pimenta. Agredidos. A barras de ferro e ódio irracional.

     Besta é um dos nomes pejorativos dados aos animais de carga. Também costuma ser referido como besta qualquer animal dito irracional, quadrúpede ou cavalgadura. Pois ali, no cenário terrorista em pleno centro do poder político e administrativo do Brasil, as verdadeiras bestas foram aquelas que, covardemente, agrediram os cavalos.

     Não esqueceremos essa covardia. De nossa parte, estaremos sempre lutando por um mundo livre de agressões aos animais e à natureza, tanto em 2023 quanto nos anos subsequentes. Sem anistia!

      Venha voar conosco, venha voar com A Bruxa.

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Elidiomar Ribeiro Da-Silva e Luci Boa Nova Coelho

(Editores)                        

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21 de janeiro de 2023

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* Da-Silva, E.R. 2020. A triste fábula real do cavalo e da vaca que acreditaram em um macaco. In: Coelho, L.B.N. & Da-Silva, E.R. (ed.). V Colóquio de Zoologia

  Cultural - Livro do evento. A Bruxa 4(n. especial 5): 35-36.

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Fonte: Reprodução das redes socias.

Fonte: O Libertador de Marionetes (Facebook).

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